sábado, 31 de janeiro de 2009

Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso


Sou interiorana, e por muito tempo me conformei com isso. A voz materna, sempre presente, e seu medo de São Paulo criaram em mim uma espécie de pavor e desencanto pela cidade, tanto que em meio há tantos vestibulares nenhum foi pra capital, mesmo com as gloriosas USP Pinheiros e UNIFESP. Porém, ultimamente, talvez pela minha vontade de fugir para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço e a sensação de sufocamento de viver nessa cidade têm me dado uma vontade recorrente de ir pra capital ser nada. Ou ser, quem sabe, meduza.
Então me lembro, mais uma vez, de Caio Fernando Abreu dizendo que o caminho é in, não off. Que em Marília, São Paulo, Nova York, Paris ou Sumatra, continuaria com me sentindo sufocada, deslocada, saturada. A solução então, em tese, é me encontrar. É percorrer meus caminhos internos até chegar num porto seguro. Mas quando me concentro em tentar trilhar a odisséia in e não saio do lugar, Sumatra se torna mais próxima do que o que eu procuro.

3 comentários:

Madame Natasha disse...

O medo de mudar para permanecer igual existe, mas se resignar a isso é perder toda esperança.
Não perca.

Emmanuelle Kant disse...

I’m throwing my arms around Paris because only stone and steel accept my love.
Change Paris for São Paulo e seja feliz.
(brinks, rãni, everybody wants your love)
Eu já conversei isso com o Ricardo, esse nosso desejo provinciano de metrópole...
Um desejo de anonimato e liberdade.
Ser nada em São Paulo é, simultaneamente, o lado bom e ruim da coisa.

p. disse...

"Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos, começa a passar" = Eu sei que o meu amor pra muito longe foi numa chuva que caiu.

O problema de "fugir" é que a gente se carrega junto. Mudar de corpo e identidade seria mais simples.

– bem, como vai você? levo assim, calado
de lado do que sonhei um dia
como se a alegria recolhesse a mão
pra não me alcançar