quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Muito passado, pouco presente, nenhum futuro

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.



Lembrei desse poema quando acabou A Primeira Noite da Tranqüilidade, meu primeiro Zurlini. Lembrei também de um dos poucos episódios de Sex And The City que vi, numa mesa Miranda, seu affair e alguns amigos, comentam qual o ator ou a atriz mais sexy pra cada um deles. Na hora me perguntei o mesmo, fiquei entre Delon e Brando, e depois acabei ficando com o Marlon mesmo. Não vamos discutir a vida fora das telas dos dois, é uma questão estética. Sempre achei Delon um pão, mas com cara de rapazinho demais. O filme do post, além de ter me apresentado Zurlini, mudou minha resposta. Que olheiras...
Pensei bem e percebi que o filme onde o Marlon mais me atrai é O Último Tango Em Paris, não somente pela idade mas pela decadência. Talvez atrair não seja a melhor palavra. Comove, ok, usarei comover. Os filmes tem até as suas semelhanças, o niilismo, o relacionamento com alguém mais jovem, o casamento conflituoso... Sem mais comparações. Estou aqui enrolando pra tentar falar de um filme que me deixou sem palavras. Vou terminar o post assim, em silêncio, só agradecendo: salve, salve, Zurlini.

5 comentários:

Emmanuelle Kant disse...

De todos os inis, Fellinis, Pasolinis, Rossellinis... Zurlini é o que mais fala ao meu coraçãozinho.

B. disse...

O filme me deixou anestesiada até agora e insone, coisa que nenhum outro Ini conseguiu.
Mas adoro o Fellini. Rosselini eu sou neutra, reconheço a importância, ok, e o Passolini costuma me deixar nauseada. É um diretor que me dá uma certa preguiça, sabe? Tô com vários filmes aqui e sem ânimo pra nenhum. Me preparo psicológicamente pra Saló fasanos.
Talvez eu goste tanto do Fellini por ser o primeiro diretor italiano com quem eu tive contato, não só por isso, na verdade. Tenho esse tipo de relação afetiva, o primeiro diretor, o primeiro filme, etc.
Tentei aqui elaborar um top 5 diretores italianos improvisado mas não me decidi entre o Bertolucci e o Fellini pro segundo lugar, o primeiro é do Visconti, só sei disso. Bertô e Fellini me atraem por motivos muito diferentes, fica complicado escolher qual gosto mais. Até porque sempre achei o Bertolucci mais francês que italiano no seu jeito de fazer cinema.

Emmanuelle Kant disse...

Só consegui fazer Top 4: Visconti, Bertolucci, Zurlini e Antonioni.
Prefiro quando o cinema italiano não grita.

B. disse...

Belíssima é tanta gritaria que me deixou com dor de cabeçan depois, hahaha.

Emmanuelle Kant disse...

Pois é, pensei nele quando botei o Visconti ali, mas achei que não precisava da ressalva, haha.
Sedução da Carne, pex., não lembro se a Alida grita com a voz, mas grita com os olhos o filme inteiro, parece que vão saltar do rosto.
Filme com Anna Magnani = GRITOS.