
"Ela estava ainda a subir as escadas e alcançou então o patamar, e as cores cambiantes do seu cabelo de rapaz, farripas trigueiras, madeixas de louro-escuro e dourado, refletiram-se à luz do corredor. Era uma noite quente, quase verão, e ela vestia um vestido preto justo, muito arejado, sandálias pretas, uma gargantilha de pérolas. Apesar da sua elegante silhueta, irradiava saúde como um anúncio de cereais matinais, uma cara lavada de sabão e limão, umas bochechas afogueadas de um rubro-rosa. Tinha uma boca grande, um nariz empinado. Uns óculos escuros vendavam-lhe os olhos. Era um rosto infantil, mas para pertencer uma mulher feita. Pensei que podia ter entre dezesseis e trinta anos: descobri depois que faltavam dois meses para o seu décimo nono aniversário."
(Truman Capote - Bonequinha de Luxo)
.
Porque amanhã faz 15 anos que Audrey Hepburn, a eterna Bonequinha de Luxo, morreu de câncer de cólon, aos 63 anos, e como estarei viajando, resolvi postar hoje.
Não é novidade nenhuma o quanto eu gosto dela nem a imensa admiração que tenho pelo seu trabalho na Unicef, sua carreira de atriz e por tudo que ela era. Na verdade, sinto que gosto tanto dela que nem sei o que escrever aqui. Mas não poderia deixar passar em branco. Ela foi meu primeiro contato com cinema clássico, e uma das grandes responsáveis pela minha paixão por ele.
E todos nós sentimos muita falta desses olhos grandes, desses vestidinhos pretos e dessa sunny, funny face.
Um comentário:
Audrey que foge para o céu e bonequinha corre para buscar. Volta sem. Vai com o tempo dela. Só o instante da Bruna Hepburn é especial.
[Audrey veio do berço da civilização para trazer cores as nossas vidas.]
Postar um comentário