Confesso que jamais imaginei que fosse doer, e doer tanto. Confesso que quando tudo começou jamais esperaria que fosse chegar onde chegou, e quando finalmente chegou nesse ponto em que se percebe que não tem mais volta, não esperava que fosse terminar como terminou. Começo impossível, fim improvável. Mas, e o que fica entre isso? O que sobra entre começo e fim? E esse meio? Acaba sendo como a minha úlcera, que encostou em um nervo. O que dói absurdamente é o nervo, não a úlcera. Mas se não fosse esse machucado no meu estômago, nervo nenhum doeria. A mesma coisa acontece quando penso em você. O que dói é a sua ausência, seus erros, seu silêncio, esse é o nervo. Mas o que causa a dor da saudade são as coisas boas que ficaram perdidas entre esse começo-fim, entre o que era antes de você e o que é agora, essa é a úlcera. O que foi enquanto éramos nós que causa a dor. Principalmente porque, fria e praticamente falando, não existiu. Vivi de pequenos pedaços de uma falsa alegria em um falso relacionamento, e é isso que machuca: o fim da ilusão, a lucidez que chegou ao seu limite de claridade. Um limite insuportável.
E aos poucos essa dor que foi por um tempo abafada pela raiva, pela decepção, começa a tecer contornos de desespero, de sufoco. Mas é como a úlcera: tem remédio, um dia cicatriza. Tempo e métodos eu não sei, mas sei que a cada dia vai doer menos, e que quando eu perceber o nervo estará lá, mas sem úlcera nenhuma pra fazê-lo doer.
3 comentários:
Tenho úlcera e tenho nervo. E tenho uma história como essa também.
vai passar. tenha certeza.
dói, arrasa mais passa.
eu já passei por isso, sofridamente.
e certamente quando a lucidez chega é bem melhor que estar vivendo num sonho individual.
"amar de verdade, viver de verdade, só se for a dois"
então que passe.
Flores.
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