I found that love was more than just holdin' hands

Iniciei pela segunda vez a leitura de Fragmentos de um discurso amoroso, do Barthes. Na primeira interrompi por vários motivos, da falta de tempo a falta de crença em todo e qualquer discurso amoroso. Mas agora com a aproximação das férias e a cicatrização de qualquer ferida, recomecei. No começo fiquei com uma leve sensação de que poderia achar tudo aquilo interessantíssimo, mas um pouco boring. Me perdia nas milhares de citações, e ficava querendo acompanhar todas as notas de rodapé, e anotar tudo aquilo que me parecia interessante. Fica a dica pra quem começar esse livro, só dê uma olhada nas notas de rodapé, guarde a análise mais profunda pra depois da finalização de um capítulo. E hoje relendo uma frase me chamou a atenção: "o amante, nada mais é, que uma criança de pinto duro", sobre a sobreposição de necessidade de afeto quase infantil, e desejo que toma as pessoas quando estão apaixonadas. Talvez seja por isso que não reconheço muito o verdadeiro amante (amante de apaixonado, não de Ricardão, por favor) no que observo por aí. Geralmente vejo a criança carente implorando por colo e afeto, ou o desejo puro e seco, que gera teorias bizarras como a produção de um certo chá que faz homens interessantes cairem de amores por mulheres de estética duvidosa. Na verdade acho que a carência existe, o que difere é a maneira como ela se manifesta. Por isso vejo a sensação de incompletude, de vazio, a realização em um aspecto do amor e a permanente carência em outro. E o livro causou em mim a vontade sincera de se apaixonar de verdade, como me disseram quando me indicaram, é um livro pra quem ainda se inicia no amor. E eu, que estava de saco cheio do auê com o dia dos namorados e das crises amorosas que todo mundo deu pra sofrer, agora fico aqui lendo o livro e cantando baixinho a música mais criança-de-pau-duro que já ouvi: let's do it, let's fall in love...