Caos calmo

Mais uma vez deixei que minha bagunça e cansaço internos contagiassem meu exterior, tornando-se visíveis a olhos nus, porém atentos. O mais preocupante disso é o fato de que se podem chegar a esta conclusão apenas com observações cotidianas, como eu não percebi e deixei chegar a esse ponto? Acontece que ando extremamente negligente comigo mesmo, mais uma vez perdida no misto de perfeccionismo extremo e desânimo exaustivo. Tentar abrir mão da auto-pressão me exige diariamente tanta energia que fico desgastada para o resto das coisas. Aqui entra o tal do equilíbrio, tão famoso e lendário quanto Papai-Noel e Mula-sem-cabeça, e igualmente distante das minhas crenças há anos. Mas não posso desistir de nada que soe a pelo menos uma tentativa de conseguir encontrar esse dito cujo. Pra começar, preciso resgatar tudo aquilo que eu sou e gosto, conseguindo encaixar em tudo aquilo que eu preciso e me permito. Como maneira de fugir do caos, acabei fugindo de mim. Superficialmente, tentei mudar o imutável, o que me sustenta e me torna quem sou eu. Aos poucos as coisas estão tomando seus lugares, já estou estudando com um gás considerável, já consegui encaixar exercícios físicos e cinema na rotina e já me reconheço mais no espelho. Também tirei da cabeça a imagem que tinha de mim em relação aos outros, aceitando o fato de que há diferenças destoantes entre todos nós e que não posso simplesmente ignorá-las por acreditar que isso me fará uma pessoa melhor. Só fez com que eu me sentisse fraca e desconhecida de mim mesma.
A retomada da antiga B. começou quando percebi que ela nunca deixou de existir, talvez tenha somente se mascarado superficialmente pra se esconder (ou para se mostrar e ser mais valorizada, quem sabe?), mas esteve sempre ali, de onde nunca deveria ter tentado sair.