Sempre fazendo festa e se sentindo tão só...
Às vezes eu queria não ter a facilidade extrema que eu tenho em perceber certas coisas nas pessoas antes mesmo que elas percebam. Não que eu tenha bola de cristal ou seja a Mãe Diná, muitas vezes erro no meu julgamento, visto que é impossível tirar toda a subjetividade numa avaliação assim, cotidiana e pessoal. Nesse ano de cursinho percebi que julguei muito errado duas pessoas, uma menina e um rapaz. A menina ainda conheço pouco, mas passei a admirar porque vi que tudo nela, mesmo oposto de mim, é extremamente autêntico (com todos os poréns que um extremamente seguido de autêntico contém, obviamente). Com o menino já tive mais contato, saímos algumas vezes entre amigos e uma única vez sozinhos. E essa vez me fez mudar completamente a imagem que eu tinha do moço. Vi que ele é tão gente como a gente como qualquer um ali, me confessou inseguranças, ouviu as minhas, dividiu todas aquelas pequenas coisas que só se dizem pra completos estranhos em momentos de solidão. Passei a admirar, a gostar e a querer conhecer melhor aquele cara que até dias atrás me incomodava com suas poses e festas, com suas camisetas regatas e seu cabelo em pé. Voltei pra casa encantada, não acreditando que dividi petit gateau e segredos com aquele rapaz, e que ele pareceu nitidamente se sentir confortável comigo. Mas sabia que segunda-feira tudo voltaria ao normal, e que a máscara seria colocada novamente como escudo. Não deu outra. Lá estava ele com sua pose de sou-seguro-sou-forte-sou-mais-eu. Ah, se ele soubesse como é mais humano e interessante ser o que ele é, como é mais bonita a pessoa por trás daquela máscara... Mas talvez não saiba, talvez não encare a mudança de comportamento como uma proteção, e sim como lugares diferentes que exigem posturas diferentes. E nisso entra o meu tal dom (ou seria maldição?) de olhar através das coisas, e de conseguir com isso sentir o pobre rapaz perdido perto de mim. Já me disseram que eu incomodo e assusto as pessoas, que minha segurança fere. Mas quem disse que isso é segurança? Diria, no máximo, transparência. Tão transparente e límpida que as pessoas se vêem refletidas em mim, e isso assusta. Mas se eu pudesse, abraçaria forte aquele rapaz e diria bem baixinho, quase num sussuro: "seja você, meu querido, e todo resto se dará".
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