
- Entendeu, Carlos?
Ela repetia sempre "Carlos", essa era a sensualidade dela. Talvez de todos... Se você ama, ou se por outra já de deseja no amor, pronuncie baixinho o nome desejado. Veja como ele se moja em formas transmissoras do encosto que enlanguesce. Esse ou essa que você ama, se torna assim maior, mais poderoso. E se apodera de você. Homens, mulheres, fortes, fracos... Se apodera.
E pronunciado, assim como ela faz, em frente do outro, sair e se encosta no dono, é beijo. Por isso ela repete sempre, como de-já-hoje, inutilmente:
Ela repetia sempre "Carlos", essa era a sensualidade dela. Talvez de todos... Se você ama, ou se por outra já de deseja no amor, pronuncie baixinho o nome desejado. Veja como ele se moja em formas transmissoras do encosto que enlanguesce. Esse ou essa que você ama, se torna assim maior, mais poderoso. E se apodera de você. Homens, mulheres, fortes, fracos... Se apodera.
E pronunciado, assim como ela faz, em frente do outro, sair e se encosta no dono, é beijo. Por isso ela repete sempre, como de-já-hoje, inutilmente:
- Entendeu, Carlos?
Estou (re)lendo Amar, Verbo Intransitivo - o parêntese aparece porque a primeira leitura se deu há anos e pra mim, não conta - e como sempre relacionei com filmes. Penso em vários do longo do livro, de A Moça com a Valise a Amor, Estranho Amor, mas acabei ilustrando o post com Não Amarás por um motivo muito simples: Magda é a mais próxima da solitária e aparentemente fria alemã Fräulein, apesar das diferenças enormes entre Tomek e Carlos, mas deixa pra lá. A verdade é que misturo todos os filmes ao mesmo tempo e por isso mesmo ando gostando do livro.
O post não é sobre isso, e sim sobre a síndrome da onipresença cinematográfica que atinge nós, os cinéfilos. Os filmes sempre nos vêm a cabeça, e isso é irremediável. Eu sofro com isso em todos os momentos, andando pela rua (só de escrever isso me veio Lost In Translation e Alone in Kyoto na cabeça), tomando banho (Psicose de c* é rol*), estudando (Guerra Fria = filmes do 007), na aula de História (fico imaginando Leônidas aquele pão e Xerxes aquela Vera Verão), até porque sinto que meu professor, leitor desse blog e conhecedor da minha cinefilia de níveis críticos, quando cita um filme, olha pra mim.
Enfim, uma das metas pra 2009 foi não abandonar a cinefilia, me manter vendo os filmes que tanto me preenchem, me completam, me deixam feliz. O que eu não percebi antes de fazer a promessa e só senti mesmo agora é que mesmo que eu quisesse, a cinefilia nunca me abandonaria.
5 comentários:
Eu lembrei desse livro quando vi O Leitor, Michael Berg nem é machucador, tá mais pra Tomek do que pra Carlos, lembrei por causa de Fräulein Schmitz mesmo.
Senhorita nunca pegou no Brasil, né. Somos informais demais.
As alemãs conseguiram abolir o Fräulein, agora são todas Frau.
Faz sentido, os alemães normalmente fazem.
Li um artigo feministinha de uma francesa querendo acabar com as demoiselles, fazia sentido também, mas acho que ela não vai conseguir porque é bonitinho dizer "bonjour mademoiselle".
Lembrei agora da abertura de Domicílio Conjugal :)
Pior que o livro anda meio onipresente também, ontem conversando com algumas amigas ficamos discutindo sobre isso, mulheres mais velhas com homens mais jovens. Mas como essas amigas tem, no máximo, 21 anos, e contavam suas experiências pessoais, não conta. Todas argumentaram que meninos mais novos tratam melhor, vai saber. Eu pelo menos não conseguiria namorar alguém de 16 anos, por exemplo, não por ser mais jovem mas por conviver com alguns dessa idade e saber como eles são.
Lembrei da frase do Wilde: "Gosto de mulheres com passado, e de homens com futuro".
E claro que a diferença entre eu, com 19, e um menino de 16 é irrelevante, não contaria mesmo como um caso de amor entre mulher mais velha e garotinho, né.
No meu cursinho, aliás, entrou um menino de 17 anos que apelidei de Príncipe. Ele é o menino dos sonhos de qualquer pré-adolescente, lindo de viver, educado, fofo, com cara de certinho e casadoiro, o intervalo para quando ele passa. Mas todas as meninas que conversaram com ele são unânimes: pra ser o nosso príncipe, só daqui uns 10 anos, por enquanto é muito namoradinho da Hanna Montanna.
Um exemplo de garoto com futuro.
Sofro exatamente da mesma coisa, e adoro sofrer com isso.
adorei como sempre.
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