
E hoje conversando com um amigo sobre nossos últimos relacionamentos ele me disse que acredita que algumas pessoas são tão únicas que não nasceram pra ter alguém. Não acredito em destino nem me acho tão única assim, mas ele, a pessoa que mais me conhece nesse mundão véio sem portera, disse que eu fui a primeira pessoa em quem ele pensou quando elaborou essa teoria. Me lembrei então de como sempre me senti sufocada em meus relacionamentos e em como boicotava, me fechava, criava motivos para sentir raiva da pessoa e para que essa raiva fosse recíproca. Each man kills the things he loves, darada. Os amores platônicos, mesmo, sempre fiz de tudo pra que se mantivessem assim, não concretizados. Nunca entenderam porque e eu nunca fui capaz de explicar, mas achava mais prático e bonito se continuasse no plano da imaginação. No fundo sempre me considerei uma pessoa apaixonada, mas talvez seja tão absurdamente egoísta e individualista que o sentimento me basta, o resto que se exploda. Ou então é medo de perder aquilo que eu porcamente defino como minha liberdade. Não faço o tipo namoradeira, pelo contrário, mas mantenho certos hábitos dos quais não abro mão, que me confortam e que fazem parte de mim. Porém, o que pra mim é essencial pode ser extremamente supérfulo pra outra pessoa. E aqui entra o que fez pensar sobre isso: percebi que não me esforço pra me tornar mais flexível nem espero a flexibilidade alheia nesse aspecto. Minhas mãos em primeiro plano, como na foto.
Em algumas cenas do filme, os atores revelam o que pensam acerca do personagem que interpretam, e Max von Sydow confessa que para ele o mais difícil em interpretar o personagem Andreas é exprimir a falta de expressão. E, de certa forma, me identifiquei com Andreas. Ando numa fase sem qualquer esboço de emoções fortes e prezando a solidão que eu me dei acima de tudo. Isso não necessariamente me incomoda, mas me intriga. Não me envolvo por ser realmente uma dessas pessoas feitas pra solidão ou não apareceu ainda quem me tire dessa armadura que eu criei?
Deve ser por isso que meu lado cinéfilo tanto admira os amores destrutivos dos filmes. Mais uma vez o cinema suprindo aquilo que eu não encontro na vida real. "Versos, livros, filmes, músicas, quadros. Qualquer coisa, desde que seja bonita."
2 comentários:
Rãni, nós somos choráveis.
Auto-indulgentes, egoístas, adoradoras da tristeza onanista, mas absolutamente choráveis.
Quem não goza com um amor platônico?
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