Essa loucura tem método

Finalmente vi o filme mais comentado do ano: o novo Batman. Sempre tive uma simpatia pelo homem morcego, costumo dizer que é meu super herói preferido. Não que eu entenda muito de quadrinhos ou algo assim (aliás, só li a revista que deu nome ao filme pelo autor, o Frank Miller. A que realmente inspirou, O Longo Dia das Bruxas, ainda não li), mas o herói mais sombrio sempre me interessou. Talvez porque ele não tenha super poderes, só um arsenal tecnológico surreal, mas ainda assim mais crível do que ser picado por uma aranha e escalar paredes, e também pelo verdadeiro Bruce: playboy, mulherengo, afetado, inseguro e traumatizado, gerando uma imagem até mesmo anti-heróica no personagem, que me fez ver até os Batmans ruins, como o do Clooney.

E esse último foi, de longe, o melhor. Tornar o Batman ainda mais humano foi uma sacada arriscada, mas que funcionou. A gente sai do cinema com a sensação de que ele poderia ser qualquer um de nós. E é.

Como não poderia deixar de ser, o Coringa violento, sádico e cruel de Heath Leadger é a alma do filme. E talvez seja esse o ponto: até onde esse ciclo vicioso de heróis e vilões se estende? É como se um não existisse sem o outro, como o próprio palhaço macabro fala: "você me completa". Da mesma forma que Bale interpreta um Batman diferente, menos romântico e ingênuo, mais amargurado e descrente, Heath repaginou o vilão, um vilão que pouco se interessa por dinheiro ou que é malvado de berço, mas um vilão até mesmo lúcido, representante do caos.

Deu aperto no peito ver ele ali e lembrar de sua morte recente. Mas talvez esse filme seja seu epitáfio e o consagre como um mito. Merecidamente.