quarta-feira, 14 de maio de 2008

Pequenas epifanias

Não é novidade pra ninguém o quanto cinema é importante pra mim, a ponto de se entrelaçar tanto com a minha vida e ser o responsável por umas e outras pequenas alegrias que transformam meu cotidiano parado em algo menos, ahn, frustrante. E uma das alegrias que o cinema me dá vai muito além de ver um filme: é a presença dele em vários outras categorias que me deixa mais feliz. E hoje tive duas dessas epifanias. A primeira foi durante a aula de História quando meu professor, explicando Renascimento Cultural, citou Decameron e Falstaff . Imediatamente lembrei dos filmes e quase pulei na carteira. Não são filmes preferidos meus, mas a citação inesperada, a citação naquele momento de tédio - se bem que adoro as aulas de História- me fez delirar. E aluna chata que sou, fui falar com o professor que, além de falar que só não queria ter uma filha como eu porque seria incesto (Will, te adoro!) e me chamar de Bonequinha de Luxo pela enésima vez (Will, te adoro³!), me perguntou o que todo mundo pergunta: o porquê de eu ter escolhido medicina, o que eu realmente não entendo, não sei porque um médico não pode gostar de cinema, não sei que lei de cursinho determina que cinéfilo faz humanas, mas expliquei pra ele, que mais uma vez foi uma graça comigo.
E como se não bastasse isso, agora pouco vendo Ciranda de Pedra me deparo com a cena de um cinema onde estava passando A Marca da Maldade, assim, sem motivo aparente nenhum, já que nenhuma das personagens estava indo pra lá. E claro que mais uma vez quase pulei do sofá e agradeci em silêncio a esses detalhes que salvaram meu dia.
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P.S.: Fui procurar Decameron no Google e o primeiro site que aparece é de um motel (!)

3 comentários:

Emmanuelle Kant disse...

Decameron é o que tem a aparição da Mangano de Virgem Maria?
Ela tá tão linda, até dá uma salvada no filme, eu não suporto nenhum dos 3 da Trilogia da Vida.

Já fui expulsa de sala numa aula de história porque fiz uma bola de chiclete.
Sei lá, acho que ele achou falta de respeito com ele eu estar ali mastigando chiclete...
E eu tava prestando atenção, sabe.
Sempre gostei das aulas de história.
Enfim, eu tenho diversos casos pontuais de injustiça profunda contra a minha pessoa.
No mais, nunca fui amiguinha de professor, sempre tive uma relação estritamente profissional com eles, acho que a relação mais próxima que tive com professores foi com as minhas professoras de francês, bom, sempre tirei boas notas nas matérias de Humanas no colégio, logo, os professores sabiam que eu existia, mas não muito além disso, acho que a única que gostava um pouquinho mais de mim era a professora de Literatura, uma velhinha que conhece a minha mãe, daí ficava sempre me elogiando pra ela (e falando mal do meu irmão, pra quem ela também deu aula) e acho que só.

Ana Carla, disse...

assim como médicos e filmes queridos,bons professores de História são sempre inesquecíveis.

Flor(ever)! :*

Ana Carla, disse...

Pensando bem,acho que a medicina tem sim,uma ligação muito tênue entre o Cinema e também com outras artes.Acho que o Artista tem o mesmo olhar que o médico tem ao enxergar o ser humano enfermo.Aquele tipo de olhar atento e com a mesma compaixão diante de seus pacientes.É assim nos filmes de Bergman,é assim nas obras do Tchékhov,do Shakespeare e do Pessoa,é assim nas telas coloridas de Matisse,(etc.).Grandes artistas-médicos-de-almas que conseguiram tranferir suas angústias em Obras-de-Arte,transformando assim,nossas vidas menos ordinárias,melhores e mais coloridas.

né não,doutorinha das causas delicadíssimas?

Assim seja! :)

aliás,Tchékhov era médico.